Em Janeiro eu e o Alex vamos começar a ensinar uns amigos a surfar. Vai ser a já baptizada: Xunga Surf School. Já decidimos comprar uma prancha a meias e tudo para facilitar a iniciação do pessoal! Claro que não vamos levar dinheiro nem vamos aceitar mais alunos, mas o que queremos é trazer mais amigos para o espirito e vida do surf. para quem sabe um dia estarmos todos os 6 dentro de água, sem mais ninguém a rasgar no pôr do sol!
Claro que a primeira coisa que lhes vamos ensinar é a serem civilizados e isso passa por lhes explicar as regras do mar: o que é a prioridade, o que é o pico, as correntes, o outside e inside, o on-shore e off-shore, que devem sempre ir para o lado da espuma quando estão a ir para o outside para não estragar as ondas dos outros, etc.
Vamos dizer-lhes que têm na mão uma prancha de surf, que pode aleijar à séria as pessoas e que se um dia virem alguém na sua "estrada" saiam da onda para não lhe passarem por cima.
Vamos com eles para o outside em dias pequenos ou só quando souberem remar e minimamente fazerem-se às ondas. Enfim vamo-nos divertir com eles, ensiná-los e aprender também.
É este o espirito!
Ontem em Carcavelos entra uma turma de uma qualquer escola.
Antes de continuar deixem-me dizer que sou adepto das escolas de surf, acho que que são importantes para ensinar, para os putos fazerem desporto de uma forma acompanhada num ambiente perigoso, que como sabemos é o mar. Como no Porto que servem para apoiar os mais desfavorecidos e em perigo eminente de se perderem socialmente. E também apoio as escolas porque acho que tornam o surf mais bonito, pois as pessoas aprendem mais!
Mas continuando a história de ontem. Entrei em Carcavelos no lado direito. Por volta das 11h30 entra uma escola. Tudo tranquilo. Começo a reparar que os putos não estavam muito à vontade. O mar estava um agueiro só, estava uma corrente forte e não estava muito fácil. Começa a ficar muita gente para um só pico. Faço uma ondinha e quando volto para o pico vejo 2 "colegas" a fazerem-se a uma onda. Não podendo ir para a direita ou esquerda, mando um OI para eles não virem em frente. E não é para meu espanto que um puto, 10/11 anos vê-me, sorri, põe-se em pé e avança destemido? Tenho tempo para fazer um bico de pato bem fundo, não me perguntem como, teve de ser em segundos, se calhar é da minha experiência de 20 anos de mar, e ainda sinto as quilhas a assobiar nas minhas costas. Venho a cima e olho para trás. O puto impávito e sereno pede uma desculpa, mas só depois de começar a mandar vir com ele.
Onde estava o "stor"? Não sei... A fazer as ondas dele. Sou a favor das escolas, mas contra a forma como são geridas. Claro que não meto todas no mesmo saco. Mas aquelas com que mais convivo, princilpalmente duas em Carcavelos: uma de um antigo top nacional e outra de um antigo top ct, que não educam os seus pupilos, que os vêem a dropinar e nada dizem, que vão com eles para o pico para simplesmente aproveitarem das ondas (neste caso o top nacional)! Já os vi a irem para o Outside com putos que não sabem remar!
Ontem tive a sorte de conseguir fazer o bico de pato, mas se calhar alguém com menos astucia teria levado com uma prancha de fibra na cabeça!
Por isso o que peço a quem tem escolas de surf, que os ensinem a surfar, a viver o mar, lhes passem o que o surf tem de bom, mesmo em alta competição! Não é preciso matar para viver!
Esses putos que entram dentro de água sem regras, só a olhar para si, nunca vão ser ninguém no mar, pois um dia vão achar que são reis, mas não passam de roques!
Senhores professores: Antes de ensinarem a sacar aereos, pauladões, floaters e afins, ensinem os vossos meninos e meninas a serem civilizados, a respeitarem! Para serem respeitados. E se não se preocuparem com eles, pensem em voçês e , pois de certeza que muitos surfistas que vos admiram, como eu, comecarão a perder essa admiração.
Vamos começar pelas regras, pois assim tenho a certeza que vai ser muito melhor surfar e viver...
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